domingo, 30 de abril de 2017

Algumas reflexões suscitadas pela Greve Geral 28A


Em meio ao ato o que poderíamos constatar é que a desordem estava instaurada no centro do Rio, era uma quantidade enorme de grupelhos e pessoas isoladas que adotavam a tática da depredação aleatória espalhadas pelo centro, construindo barricadas de lixo e fogo, alguns atacando alvo mais expressamente políticos como os bancos e outros mais aleatório. A polícia estava alucinada com todo seu arsenal bélico atacando aleatoriamente qualquer agrupação humana com o objetivo de dispersar qual quer possibilidade de manifestação.
Em geral, no ato podia ser dividido em aqueles que foram para fazer um ato tradicional, na maioria trabalhadores ligados as bases sindicais e estudantis e outra galera mais jovens sem muita organicidade nos lugares de militância, como locais de estudo, moradia e trabalho que foram preparados para o confronto militar-político.
Sobre a desordem causada vejo como uma tática que deu um tom da resistência, da divisão clara entre os manifestantes e o estado, houve uma repercussão muito maior na mídia desse jeito do que se fosse uma passeata tradicional. Nessa disputa simbólica das interpretações sobre os fatos há argumentações abertamente ideológicas e grotescas dos dois lados que jogam a responsabilidade da violência um para o outro. No entanto, a imagem editada da mídia oficial ao mesmo tempo, que assusta e criminaliza o movimento atrai novas pessoas que se encantam com a destruição para essa tática do quebra-quebra como forma de descarga de revolta acumulada da crise social e outra parte, ainda em maior número, uma juventude popular e da classe média com espirito revoltado-aventureiro.
Para os comunistas que propõe uma nova ordem social não se é possível passar de uma ordem para outra sem que haja uma desordem. Os que estão bem acomodados nessa ordem que privilegia uma classe possuidora dos meios de produção das riquezas não aceitaram sair desse lugar sem usar toda suas forças para se manter nela.
No entanto, para que haja uma passagem de uma ordem para outra deve haver uma força oposta e positivamente estruturante, algo que ocupe o vazio deixado pela ordem em decadência. Nesse momento, esse horizonte de uma dualidade de poder não se apresenta. O que esta evidente é que essa ordem vigente esta em crise e as estratégias de que propõe uma ruptura com essa ordem ganham maior destaque, tanto para extrema esquerda como pela extrema direita.
E não há um caminho exato que se possa pensar teleológicamente, em uma desordem de transição revolucionária ou contrarrevolucionária, nesses momentos as contingencias se acentuam, mas isso não é motivo para não pensarmos o pilar de uma nova potencia criadora. Qual é essa base na atualidade?  A aposta na estratégia insurrecional soviética ganha força com a greve geral, porém os pilares organizativos-politico como os conselhos operários capazes um polarização não emergiram.
A aposta na violência pedagógica como forma de auto-organziação, militar–politica tem ganhado uma atrativo no cenário carioca, e se expressa em todos atos de massas desde 2013, e tem cumprido um papel ambíguo nessa no processo reorganizativo, mas ainda esta muito aquém de suprir a altura das tarefas atuais de um projeto revolucionário.
O PT esta em decomposição, mas é um fantasma que ainda tem peso na realidade. Ele leva muitos a depositarem uma esperança na ilusão que o Lula pode melhor as coisas para o povo. A conciliação não é mais possível, a burguesia já deixou clara e vai utilizar todos os meios para tirar o dela da reta nessa crise.
Esse cenário que se abre com a greve de 28, tem elementos qualitativos superiores ao início desse processo que foi o fim do lulismo em 2013. O conteúdo expressamente social toca em pontos que fica mais difícil da burguesia disputar como é o caso da corrupção.  Isso favorece uma luta que vem desde os locais de trabalho, colocando os trabalhadores como atores centrais na cena. As centrais sindicais estão desgastadas como autoridade de luta, mas não dá para dispensa-las para prensar o processo de reorganização da classe, a critica deve partir do que existe concretamente. Precisamos delas para convocar a próxima greve geral. E que venha com toda sua potencia criadora.