segunda-feira, 17 de abril de 2017

Reto demais para ser real

Rick o Policial

Se não quer spoiler não continue lendo, valeu? Estou na segunda temporada de The Walking Dead. A série se passa num período de apocalipse zumbi. Como é um filme americano tem-se por costume egocêntrico de reduzir o mundo ao que se passa no EUA. Diante da situação catastrófica um grupo heterogêneo de pessoas, pequenos núcleos de famílias e pessoas aleatórias,  seguem em luta intensa pela sobrevivência, em ajuda mútua e sem esperança de futuro.  A questão da falta de perspectiva de um futuro melhor aparece diversas vezes nas falas desesperadas dos personagens. Interessante notar que atualmente esses filmes apocalípticos são os nosso filmes futuristas, como que o anúncio algo que estar por vir. De alguma forma não temos muito que esperar do futuro. Neste comentário sobre a série gostaria de me deter em observações sobre o Rick, o Polícial, personagem central na série. Ele acorda de um coma em meio ao apocalipse e milagrosamente consegue encontrar sua família. que sobrevivia nas montanhas perto da cidade de Atlanta com grupo de pessoas liderados pelo seu parceiro policial Jane. Logo que Rick, se soma ao grupo, assume espontaneamente a liderança, ele é de uma personalidade tranquila, que dificilmente se altera emocionalmente. No contexto de fim de mundo que se encontram os dilemas e dramas ganham maior intensidade, as decisões que envolve solidariedade geram riscos coletivos que Rick com sua moral de bom policial se dispõe a encarar. Essa direção de atuação da liderança não é bem vista por sua esposa e por seu parceiro Jane, e aos poucos as dificuldades com o grupo vão complicando, primeiro some uma criança, depois seu filho Carls leva um tiro devido a um acidente na floresta. Rick vai se culpabilizando por essas decisões que toma, se responsabilizando por colocar o grupo naquela situação. Há uma chamada à responsabilidade exagerada do líder. Vejo essa moralidade expressa nessa liderança algo que não vai se sustentar por muito tempo. É muito contrastante a defesa da moral com o pragmatismo necessário à sobrevivência num mundo cercado de zumbis que podem te atacar a qualquer momento. Engraçado que ele me lembra o Freixo, pois tem uma imagem de pessoa reta, como uma pessoa que não tem um egoismo lá no fundo e está sempre disposto a se doar para o outro, como um herói, de fazer o que é "certo". É com essa questão que me inquieto. Até quando essa retidão em um contexto catastrófico em que tem-se pouco a esperar do futuro vai durar?. Qual suporte externo ético moral compensa tanto sacrifício em prol do outro? Vou seguir assistindo e se quem sabe volto a escrever mais sobre essa inquietação.

ASS: Sobral

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